Uma boa receita para a felicidade

Para termos um bom resultado nessa receita, primeiro temos que ter sonhos, depois acreditar neles e depois não ter medo de realiza-los. Eu perdi o medo cedo mas tenho que confessar que no final desse ano ele bateu na minha porta. Me fez abrir o bau dos sonhos esquecidos e tirar de dentro dele algumas fantasias antigas. Eu achava que elas já estavam emboloradas mas não.....preservavam o perfume do alecrim e da alfazema que as embalavam. Como já contei outras vezes.....imaginava que se um dia eu me mudasse de São Paulo seria para Toquio ou Nova Iorque e eis que.....há 13 anos eu me mudava de São Paulo, para uma cidade de 4 mil habitantes, sendo que 3 mil deles viviam na zona rural. No primeiro mês não desfiz minhas malas porque achei que não ia dar conta de trocar as buzinas pelo canto dos pássaros. Enganei-me.....a cada dia eu buscava esses cantos e comecei a ouvir outros barulhos, que eu temia na cidade grande. Ouvir a batida do próprio coração exige o silêncio que a cidade pequena me oferecia. Nessa cidade que eu tinha escolhido para viver eu fiz geleias, temperos, hortas, amigos e amores, mas um dia chegou a hora de partir porque outro trem me esperava na estação e a passagem já estava reservada. De novo, bateu o medo, mas mesmo com medo subi no vagão. Quando vi o trem já tinha chegado na estação e ela era linda, como as que frequentei durante a infância e uma surpresa, ela tinha uma maria fumaça, que apitava e soltava "fumacinha" como os meus desenhos infantis. Tinha chegado em Tiradentes, no coração de Minas Gerais e senti que estava seguindo direitinho a receita. Aqui tudo é muito vivo, o dia amanhece com o céu completamente azul, a Serra de São José é imponente, as pessoas são amáveis, as ladeiras trazem nossa história em cada pedra do seu piso, as casas são perfumadas pelo cheiro dos temperos fritando. Aqui tem o cheiro da minha infância, de momentos que achei que não fossem mais voltar e aí eu entendi que a melhor receita para a felicidade é irmos atrás do que acreditamos, do que faz o nosso coração bater. Tudo isso é muito simples......a batida do coração pode ser mudada pelo sorriso de uma criança, pelo bom dia do vizinho, pelo abraço de um amigo, por uma carta que o carteiro traz na mala, por um e-mail ou encontro de alguém que já não víamos mais e que a tecnologia das redes sociais colocou novamente em nossos caminhos. A felicidade é a vizinha trazer rosas, cultivadas no seu "terreiro" (quintal), com uma delicadeza de quem cultiva amigos e essas rosas serem tão perfeitas que você as cristaliza e serve sobre um sorvete de doce de leite, para que fique dentro de você, para que perfumem sua alma.

2 comentários:

  1. lindo texto, Tanea. bela e inspiradora história também. keep walking. bjs

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  2. Obrigada por esse texto Tânia! Estou exatamente nessa pegada, botando todas as minhas trouxas nas costas e prestes a entrar nesse vagão - de Sampa para a algum lugar na Mantiqueira. Sabe que o medo tem sido nessa fase meu companheiro, mas o coração bate tão mais forte!

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